O Leque Secreto
Numa remota localidade chinesa do século XIX, assistimos ao desabrochar de uma das mais belas e inquietantes histórias de amizade. Numa sociedade em que as mulheres desempenham um papel de total submissão, resta-lhes a esperança de um bom casamento para minimizar o facto de serem raparigas – e uns pés delicados e sedutores podem garantir um futuro próspero. O primeiro passo é enfaixá-los com ligaduras para que mais tarde adquiram uma forma e tamanho perfeitos. Este é um momento de grande sofrimento que Lili terá de suportar com apenas sete anos, mas em breve conhece Flor de Neve, a jovem escolhida para ser a sua laotong – uma espécie de irmã de juramento – e estabelece-se entre elas uma ligação emocional que durará a vida inteira. Com o passar dos anos, as duas mantêm uma amizade profundamente sincera e cúmplice, trocando mensagens e poemas em nu shu – uma linguagem secreta feminina – inscritos num leque de seda, onde partilham sentimentos, sonhos, mágoas e esperanças. Mas um dia os laços de amor que sempre as uniram serão postos em causa… Obra vencedora do Southern California Booksellers Association Award para melhor romance de 2005.
O Leque Secreto é o relato fascinante, delicado e por vezes doloroso de duas vidas que se tocam e se completam, imortalizando um amor que superou barreiras sociais, políticas e morais.
“Um retrato intenso e extraordinariamente realista de uma mulher marcada pelo sofrimento, e da amizade que lhe dá forças para sobreviver.”
Arthur Golden, autor de "Memórias de uma Gueixa"
A minha opinião:
Foi uma leitura envolvente que me prendeu do princípio ao fim. Uma escrita bastante fluente e nítida, carregada de sentimentos profundos e tocáveis.
A história passa-se no século 19 numa província de Jiangyong e é sobre mulheres chinesas daquele tempo, o enfaixe dos pés, os casamentos, as tradições, mas é sobretudo sobre nu shu – uma linguagem escrita que foi criada pelas próprias mulheres em que só elas conheciam estes códigos (era interdito aos homens, estes não podiam saber este tipo de linguagem) e sobre a relação laotong (uma ligação entre duas mulheres para toda a vida em que podiam partilhar todos os sentimentos, uma espécie de ligação de “amiga-irmã”).
A escritora, antes de construir esse romance, conheceu pessoalmente a última mulher chinesa que utilizava nu shu, Yang Huanyi, que na altura tinha noventa e seis, e foi através dela que soube a história do enfaixe de pés, as festividades e os casamentos (estão contados pormenorizadamente no livro).
Yang Huanyi
E depois conheceu uma professora que actualmente ensina nu shu que lhe contou as histórias das avós que utilizavam nu shu.
Ainda há um museu de Pequim onde estão expostos documentos em nu shu: leques, bordados, cartas, etc. Mas existem poucos escritos em nu shu, uma vez que os manuscritos eram queimados ou enterrados com suas autoras.
Ainda há um museu de Pequim onde estão expostos documentos em nu shu: leques, bordados, cartas, etc. Mas existem poucos escritos em nu shu, uma vez que os manuscritos eram queimados ou enterrados com suas autoras.
Após uma profunda pesquisa, a escritora construiu um belo romance, criou duas personagens fictícias: Lírio e Flor de Neve, e acrescentou os factos históricos verídicos.
É um romance muito fácil de ler e de imaginar, é próprio para qualquer leitor que não tem nenhum conhecimento histórico acerca da China, e além disto, as palavras parecem ter vida. Senti dor, tristeza, amor, raiva, traição, ódio, remorso, tudo como se estivesse dentro das personagens. Também me identifiquei com alguns sentimentos delas.
É uma comovente história de amizade, mas eu diria que é amor profundo ou um casamento de emoções entre duas mulheres. Elas eram definitivamente uma só.
A escritora escreveu esta história com o coração, com uma sensibilidade extrema e amor.
Gostei muito, amei!