domingo, 22 de fevereiro de 2009

Os Filhos da Droga



A minha Opinião:

Ao contrário da maioria de leitores, demorei mais do que o previsto a ler este livro. Não quer dizer que desgostei, longe disto, mas havia partes do livro que me fez ficar bastante deprimida e não só como também aparecia partes deveras chocantes que me custava a ler… Mas li tudo e cheguei ao fim do livro.

O livro fez-me agarrar, apesar do horror que é o mundo da droga, porque a Christiane era diferente. À medida que fui lendo, compreendi perfeitamente porque é que ela se meteu na droga. Talvez, se eu estivesse no lugar dela, teria feito o mesmo, só para estar integrada no grupo de amigos que à primeira vista pareciam bastante bons, seguros e confiantes. Depois, quando metida na droga, é tudo tarde demais. O “turkey”, um sintoma da falta de droga, é um tormento horrível… Por isso, eles não conseguiam parar, tomavam droga para fazer desaparecer o “turkey”. Para obter droga, era preciso dinheiro e ganhavam-no desde o roubo à prostituição. Christiane era muito nova, só tinha 13 anos quando se meteu nisto. Maquilhava-se e vestia-se para se parecer mais velha. Ela amava os animais e a natureza, era incapaz de violência e tinha uma grande sensibilidade.



(Christiane F. - Antes e Depois)


Christiane queria parar, curar-se, muitas vezes tentou… O seu grande amor - Detlef - também era drogado, ela tentava convencê-lo para desintoxicar os dois juntos…



(Detlef )

Alguns dos seus amigos morreram de overdose, entre quais a Babsi, a mais nova vitima de heroína daquele tempo.

(Babsi)


Christiane tinha muito medo que a sucedesse o mesmo. Foi a mãe dela que a salvou. Também as palavras da mãe aparecem no livro, no que ela sentia ao descobrir e ver a filha a enveredar-se pela droga. Tem sido muito doloroso para esta mãe…

Por fim, recomendo a leitura deste livro a todos jovens e pais. Acho importante que se discutem este tema, à volta deste livro, para os fazer ver como a droga pode fazer… Ainda hoje, há filhos de famílias boas que seguiram por este caminho, uns somente por curiosidade, outros por influência de amigos, ainda alguns por ter pensado que a droga os levava a suportar os problemas ou que os podia levar ao estado de felicidade.

Christiane escreveu este livro a fim de transmitir a informação do perigo da droga, a realidade nua deste mundo, e sobretudo um aviso para nunca experimentar droga, para nunca seguir o caminho que ela seguiu!


Classificação: 5/5 (Indispensável e obrigatório)

Mais informações:

Após o livro

Christiane sobreviveu, mas nunca conseguiu se livrar do vício. Aos 45 anos, tomava vários medicamentos, passava regularmente por sessões de terapia que não eram bem sucedidas.

Tem hepatite C (doença incurável) e problemas circulatórios. Os médicos, além de afirmarem que, devido a eles, ela pode ter uma crise súbita, dizem também que seu estado é irreversível. Em dezembro de 2005, o serviço público de saúde alemão registrou duas internações da paciente.

Christiane passou um período morando num apartamento simples em Berlim com dois tios e com o filho, Jan-Niklas.

Detlef também sobreviveu e trabalha como motorista de ônibus em Berlim. Mora com sua esposa e dois filhos e garante que se livrou das drogas em 1980.


Actualmente

Aos 46 anos de idade voltou a tomar drogas pesadas.

O filho vive actualmente numa instituição para menores nas redondezas de Berlim, e os avós deverão ajudar a decidir onde será a sua futura morada.

O novo drama de Christiane começou no início de 2008, quando ela e o namorado decidiram emigrar para a Holanda, levando a criança. Ao ter conhecimento do plano, a justiça alemã tomou a criança da mãe, com a ajuda da polícia. Pouco tempo depois, ela sequestrou o próprio filho e fugiu para Amesterdã. Na capital holandesa, Christiane voltou a consumir heroína.

Após uma zanga com o namorado, Christiane regressou no final de junho de 2008 à Alemanha, quando seu filho foi retirado de sua guarda pelas autoridades alemãs

- retirado daqui.

Cinematrogáfico:

Christiane F. – Wir Kinder vom Bahnhof Zoo (br: Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída / pt: Filhos da droga) é um filme alemão de 1981, baseado no livro homônimo, escrito pelos jornalistas Kai Hermann e Horst Hieck, publicado e editada pela revista alemã Stern em 1978, que narra a história da personagem principal Christiane F., uma consumidora de drogas.

Com o sucesso do livro e com a comoção da opinião pública pelo drama vivido pela jovem Christiane, o diretor Ulrich Edel resolveu transformar a história de Christiane e dos jovens da Estação Berlin Zoologischer Garten de Berlim em filme. O lançamento de Christiane F. – Wir Kinder vom Bahnhof Zoo foi em 1981, e contou com a atriz Natja Brunckhorst interpretando Christiane, e Thomas Houstein como Detlef R. Apesar de nunca ter atuado, a atriz de quinze anos surpreendeu os críticos com uma atuação chocante. Edel descobriu Natja enquanto ela brincava no playground de seu colégio. Natja aceitou o papel e, com o consentimento de seus pais, gravou o filme. Já Thomas Houstein que interpretou Detlef, foi descoberto num clube atlético e no início recusou o papel.




domingo, 8 de fevereiro de 2009

Um Amigo Chamado Henry

(Para ler a sinopse, clique sobre a imagem)


«Verdadeiramente impressionante... terrivelmente comovente.» - Evening Standard

«Muito mais do que um emocionante relato sobre a amizade entre um rapaz e o seu cão. É também a dolorosa luta de uma mãe pelo amor do seu filho autista» - Herald


A Minha Opinião:

Se pensam que este livro é sobre um cão, sobre as suas aventuras ou outra coisa, tal como o do “Marley&Eu”, então estão enganados! Porque não é somente sobre o cão, é muito mais…

É sobretudo um livro de grande lição. É sobre o impossível que se tornou possível, tudo graças ao amor dos pais pelo filho autista. É sobre a determinação enorme, trabalho árduo, esforço diário e luta sublime de uma mãe (a própria autora – Nuala Gardner) para encaminhar o filho (Dale) à socialização e a uma vida preenchida e feliz. O cão teve um papel crucial para o filho vencer o autismo, sem dúvida, mas foram os pais que o ajudaram. Devem estar a perguntar: como assim? Então, leiam.

Eu desconhecia por completo o autismo. Não fazia a mínima ideia de que se tratava esta doença, como os autistas reagiam ou algo assim, pois até agora não conheci alguém que fosse autista, embora uma amiga minha trabalhe com autistas e conte-me histórias (mas escassamente) acerca deles. Até vi filmes com personagens autistas mas nunca eram suficientes ou claros. E agora estou bem informada e esclarecida.

A autora sofreu muito. Foi apontada/observada negativamente ou injustamente criticada pelas outras mães de filhos normais. E ainda mais para piorar: Nuala queria que a doença do filho fosse reconhecida o mais cedo possível para depois poder encaminhá-lo correctamente e, no entanto, foi mal vista ou recebida pelos médicos e outros profissionais, estes “catalogaram-na” erradamente, dizendo que o problema devia vir da mãe, da forma como esta criava o filho, em vez do próprio filho… Ela, no limite do desespero, chegou ao ponto de querer suicidar-se, foi por pouco! E, a partir dali, as coisas começaram a melhorar… Ela foi contra todos, foi em frente com isto, tapou os ouvidos aos comentários negativos, contrariou alguns profissionais da educação, tirou proveito das obsessões do filho para posteriores aprendizagens, descobriu que o filho reagia melhor com os cães e então arranjou um para ele, este cão tornou-se a maior salvação, Nuala ainda trabalhou arduamente com o filho, dedicando a ele o seu tempo exclusivo e, acima de tudo, dando-lhe muito amor. E conseguiu! Dale passou a estar integrado em escolas normais até à universidade! Como? Leiam… Se pensam que é fácil, não é. É uma luta muito, muito, muito DURA!




(Dale e Henry - o seu salvador)


Depois foi a vez da segunda filha, também ela autista. Felizmente, os pais já tinham ganho bastante experiência. Fizeram o mesmo a esta filha como fizeram ao Dale e os resultados foram, desta vez, bastantes rápidos. A filha também irá (ou já deve) estar integrada em escolas normais.


(A familia Gardner, com o pequeno Henry e o Sir Henry - o salvador do Dale)


O final impressionou-me muito, a maneira como o Dale teve a coragem de ficar com o seu estimadíssimo cão, olhando-o nos olhos até o cão expirar. Chorei tanto…
E, o mais emocionante, são as palavras do próprio Dale nas últimas páginas do livro e o desenho que ele fez ao Henry. O desenho está fabuloso, os olhos do cão estão desenhados de uma forma tão tocante em que se vê o amor contido neles.

Actualmente, Dale é feliz, tem amigos normais, participa em actividades sociais.



(Dale, o pequeno henry, Nuala Gardner)


Recomendo, cem por cento, a leitura. É um livro para abraçar e acarinhar.

Classificação: 5/5 (Nota: não é uma obra-prima literária obviamente, a escrita é muito simples, mas é uma história de vida; é um verdadeiro exemplo da importância dos pais na evolução dos filhos autistas; é portanto um livro a não perder!)


Documentário:


Adorei ver a mãe e o pai a falarem, e algumas partes em que mostram o Dale, quando era criança, a fazer festinhas e a escovar o Henry, o amor que este tinha pelo cão e a paciência enorme que este tinha pelo Dale.