sábado, 30 de maio de 2009

Beleza Silenciosa




A Minha Opinião:

Este livro trata-se de uma biografia da Brenda Costa, uma Modelo de origem brasileira. Mas, trata-se de uma biografia especial... Esta Brenda Costa tem uma coisa que a distingue de todas as manequins: é surda profunda de nascença (tal como eu).

Portanto, é uma história sobre a luta e a coragem desta rapariga para alcançar o que desde sempre sonhou: ser Modelo.

Confesso que não tenho nenhuma admiração por esta profissão. Mas, no caso da Brenda Costa, para conseguir o seu objectivo, foi uma grande luta! No mundo da moda também existe preconceito e ignorância, a maioria das agências de moda não queria aceitar uma modelo surda. Ela conseguiu-o graças a um director de uma agência que tinha um filho surdo. A sorte esteve sempre com ela.

Aqui deixo o excerto do livro, na página 164, para terem uma ideia do quanto ela sofreu e também tocou-me profundamente:

«Todos os anos, no mês de Junho, decorre no Rio a famosa Rio Fashion Week, a semana da moda. Nesta ocasião, massacro Marco noite e dia para participar no grande casting que decorre uma semana antes do acontecimento. No entanto, apesar da insistência do meu noivo e do entusiasmo geral da minha agência, o booker responsável pela contratação de todos os manequins duvida da minha capacidade de poder desenrascar-se num evento desta envergadura. Considera-me muito bela, mas a minha surdez deixa-o perplexo. Saberei dominar a minha deficiência numa passerelle? Silvinha, a produtora do espectáculo, apoia-me sem reserva e impõe-me contra a vontade do director de casting.
Eis-nos, então, no backstage (bastidores), no grande dia... Estou nas mãos dos cabeleireiros, maquilhadores e das pessoas que vestem os manequins quando vejo o booker entrar nos bastidores. Quando ele se apercebe da minha presença, o seu rosto muda de cor. Fica lívido e começa a gritar, chamando à parte todo o pessoal presente, incluindo a equipa da agência:
- Que faz esta rapariga aqui? Eu já tinha dito que não a queria. Eu sou um profissional! Não tenho tempo para perder com uma deficiente. Como é que vamos conseguir explicar-lhe o que tem de fazer?
Não se dirige a mim, mas o movimento dos seus lábios é mais do que eloquente. Ele está fora de si e tem o rosto desfigurado pela cólera. O camarim está cheio de manequins e, como sempre, as pessoas dividem-se em dois clãs: o que é "a favor" e o que é "contra". Algumas raparigas troçam abertamente de mim, outras estão sinceramente chocadas. Não aguentando mais, levanto-me e fujo, lavada em lágrimas. Silvinha, a produtora que me apoiou, ultrajada com a atitude do booker, precipita-se atrás de mim. Dirigimo-nos para a "saída dos artistas" e encontramo-nos lá fora.
- Não te preocupes, Brenda, eu estou do teu lado e tenho a certeza de que vais sair-te muito bem.
Mas, pela primeira vez na minha curta carreira, duvido. Vejo tudo negro e esta rejeição brutal coloca todos os meus sonhos em questão.
-Não quero trabalhar mais nisto, é demasiado injusto. Isto mete-me nojo...
Silvinha tenta acalmar-me, mas em vão. Estou repugnada, profundamente abatida. Esta rejeição brutal, que não se compara a qualquer coisa que senti até ao dia de hoje, coloca tudo em causa. Sem me preocupar com a maquilhagem e os cabelos, soluço e denigro-me. Esta audodestruição está de tal forma distante da minha filosofia de vida que me sinto verdadeiramente em perigo, como se tivesse sido esmagada pelo julgamento cruel de um homem que vê em mim apenas o estereótipo de uma pessoa surda. A minha surdez recambia-me para um gueto de pestíferos. Este tipo acaba de pronunciar a condenação do meu sonho como se pronuncia uma condenação à morte. Sou surda, por isso só posso existir nos limites convencionados de uma vida convencionada.
É neste contexto horrível que a minha mãe, que se tinha instalado na sala, aparece junto de mim, alertada por membros da equipa. Além disto, alguns manequins já me vieram a dizer que aquele tipo era um "idiota" e que eu não podia entrar no seu jogo.
Entre dois soluços, peço à minha mãe para telefonar a Marco e dizer-lhe que não vale a pena vir com o seu material, porque eu decidi não desfilar.
Nesses momentos, nos momentos em que ninguém consegue acalmar-me enquanto eu não passo de uma pequena personagem desordenada, só gritos e gestos exagerados, a minha mãe possui o dom mágico de me trazer de volta ao planeta Terra. Seca-me as lágrimas.
- Tu vais desfilar, Brenda!»


Apesar da simplicidade, gostei do seu estilo de escrita. Ela não só fala da surdez como também dos seus pais, da sua personalidade, da sua vida amorosa.

A forma como ela descreve a surdez faz parecer que é fácil ser-se surda. Mas devo reconhecer que para ela tem sido mais fácil encará-la, pelo facto de possuir duas qualidades: beleza e é extrovertida. Por isso, ela viveu sempre rodeada de amigos, sem se queixar das suas limitações ou da impossibilidade de incluir numa conversa colectiva; tem divertido com a maior descontracção nas noitadas em grupo.

Achei fantástica a sua luta, mas não tem comparação nenhuma com a minha. A dela exigiu o dobro do seu esforço normal, ao passo que a minha exigiu o quíntuplo do meu esforço para conseguir “um lugar” no mundo ouvinte.

Infelizmente, todos os surdos sofrem as mesmas maldades da sociedade e em todas as profissões.

Este livro não foi ao encontro das minhas expectativas, pois temos diferenças muito grandes, em todos os níveis: familiar, pessoal e profissional. Mas tive prazer de o ler, de conhecer esta Brenda Costa, por um único senão: o facto de ela ser oralista e não gestualista.

Classificação: 3/5

domingo, 24 de maio de 2009

A Mulher do Piloto




Sinopse:

«Uma noite, na sua casa dos arredores de Boston, Kathryn Lyons é acordada com a noticia de que um avião com 104 passageiros pilotado pelo marido, Jack, caiu, depois de ter explodido ao largo da costa da Irlanda. Imediatamente, surgem as perguntas. Teria sido uma bomba, erro do piloto, suicídio (como sugere a gravação da conversa dentro da cabina)?»


A minha opinião:

Desisti o livro até à pág 111, não querendo continuar a ler, nem sequer saber como será o fim, porque acho a escrita intensamente reflectiva, com descrições a mais, o que tira todo o ritmo ou torna a leitura cansativa…

A história centra-se mais na mulher: o seu choque, as suas dúvidas, as suas reflexões, as suas preocupações em relação à sua filha, e também os flashbacks do passado – a relação desta que tinha com o marido.

A história até podia ser interessante se não fosse escrita desta forma. No entanto, houve quem gostou muito ou achou deliciosa a escrita, e ainda por cima, o livro esteve nos Tops durante 50 semanas e foi o nº1 em todas as listas de Bestsellers nos EUA e Inglaterra.

Felizmente que o pedi emprestado do bookcrossing.

Tenho pena que a Anita Shreve nunca mais se tenha escrito um livro tão bom quanto “A Praia do Destino” que é definitivamente o melhor de todos.


Classificação: 0/5 (desisti)

O Quinto e o Sexto ano no Colégio das Quatro Torres



Já há algum tempo que terminei a colecção do Colégio das Quatro Torres de Enid Byton, e foi com pena que fechei o último livro. Pois, diverti-me imenso no Colégio, este que tinha uma vista para o campo e para o mar, até tinha uma piscina natural no meio das rochas cuja água vinha do mar. As aventuras e as partidas deram-me umas boas gargalhadas, uma boa descontracção, e também não faltaram a moralidade e os pequenos ensinamentos acerca da amizade, honestidade, responsabilidade, generosidade, orgulho, vaidade, egoísmo, fraqueza etc.

Aqui deixo um pequeno excerto, da pág. 24 do último livro, para me relembrar todas as histórias desta colecção e também como uma forma de despedida:

«Miss Grayling (a directora do Colégio) falou com cada uma das alunas com a sua voz suave e clara, perguntando-lhes o nome e a idade. Depois dirigiu-se a todas solenemente.
- Quero que me ouçam durante alguns minutos. Um dia, sairão desta escola para o mundo. Deverão levar convosco espíritos curiosos, corações solidários e um profundo desejo de ajudar os outros. Devem levar um bom entendimento de muitas coisas, vontade de aceitar as responsabilidades e mostrarem que são mulheres dignas de confiança e amor. Terão oportunidade de aprender tudo isto no Colégio das Quatro Torres, se quiserem.
(…)
- Não conto como êxitos do Colégio as alunas que ganharam bolsas e passaram nos exames, embora isso seja bom. Conto como sucesso aquelas que aprenderem a ser sensíveis e a ter bom coração, as que forem dignas de confiança, sensatas e generosa. Os nossos fracassos são aquelas que não aprendem estas coisas durante os anos que aqui passam.
(…)
- Para algumas de vocês estas coisas serão fáceis de aprender. Para outras, serão difíceis. – continuou Miss Garyling – Mas, fáceis ou difíceis, têm de as aprender se querem ser felizes depois de saírem daqui e se querem dar felicidade aos outros.»

De todos os livros da colecção, aqueles com que mais me identifiquei e me emocionou, foram o terceiro e o quarto. A história da Guida e da Clarisse. Eram amadoras de cavalos! Os sete irmãos da Guida costumavam pô-la ao colégio de cavalo, e também os pais quando iam visitá-la. Uma família muito diferente, amadora de cavalos! Que emoção! E depois, havia uma professora que também adorava cavalos… Pronto, sou doida por cavalos (risos).

Adeus, Diana, Celeste, Alice, Guida, Clarisse, Milu, Belinda, Irene, Mavis e Ludovina! Adeus, Colégio das Quatro Torres!

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Lar Doce Lar



A Minha Opinião:

Deixa-me vos dizer que os livros da Mary Higgins Clark são como uma droga! Eu normalmente leio à volta de 30 páginas por dia mas, com este livro, não foi o que me aconteceu. Anteontem, devorei 100 páginas, numa ânsia desenfreada de saber como a história ia acabar! Até consegui afastar o sono que se apoderara de mim e li até às 00.30, o que não é costume.

Bem, o que dizer deste livro? É uma história diferente, até um pouco vulgar. O marido oferece uma casa como presente de aniversário, de surpresa, à sua mulher, que por acaso é uma casa, onde a mulher, quando tinha 10 anos, tinha matado acidentalmente a mãe e depois tentado matar o padrasto. O marido não sabe quem ela é verdadeiramente, está sob o nome falso.
Não é uma história de cortar o fôlego como os anteriores que li desta autora (sem contar com o livro "Gosta de Música, Gosta de Dançar"). Mas é um bom policial. Há crimes e vários suspeitos. O surgir de novas pistas, ao longo do enredo, é interessante. E por fim, a descoberta e a captura do(s) criminoso(s). Devo dizer que achei o final um pouco inesperado. Também foi porque eu não tinha reparado num pormenor importantíssimo, o qual me teria feito tirar imediatamente a mascara do verdadeiro mau da fita! Só fiquei desconfiada de quem seria, já quase no fim do livro, mas dizia para mim própria que não podia ser...

E, adorei o final, a forma como acabou. Até fiquei comovida.

Classificação: 4/5 (Bom!)

terça-feira, 5 de maio de 2009

O Segredo da Casa de Riverton


(Para ler a sinopse, clique aqui)



A Minha Opinião:

O livro começa com uma idosa nos seus noventa e muitos anos, uma idosa que à primeira vista parece vulgar, mas à medida que vamos lendo, recuamos ao passado, às suas memórias, aterrando nos anos 10/20 – década em que rebentou a 1ªGuerra Mundial. A Grace foi como criada da Família Hartford desde os 14 anos. É ela que sabe o que aconteceu às irmãs Hartford e, sentindo que a morte está cada vez mais próxima, irá revelar este segredo ao seu neto para o gravador.

É uma história envolvente que me arrepiou e emocionou de certo modo. A Grace a recordar a sua infância, a servir a família Hartford, a testemunhar as mudanças sociais, a sua mãe, os segredos, e o que se tornou depois até à velhice… Mas a história não decorre por ordem do passado, isto é, estamos ora no passado ora no presente, é um vai e vem, com as memórias a aparecer-lhe com toda a naturalidade.

A história desenrola-se a um ritmo lento mas lê-se muito bem, saboreia-se cada palavra, ou seja, dá-nos o prazer de ler sem darmos pela lentidão do avanço dos acontecimentos. Os segredos só são revelados no fim do livro e… que choque!!! Senti toda a dor da Grace, a culpa inundada e marcada.

Adorei Hannah Hartford, uma personagem enigmática, ela e a sua inteligência, os seus jogos, a sua ânsia de conhecer mundos diferentes e de viver plenamente. Compreendi por inteiro a plena dedicação e a grande admiração da Grace em relação à Hannah.

Achei a vertente histórica – a parte verídica – bem constituída e interessante: as roupas, as tradições, o vestuário, as festas, as consequências da Guerra. Os criados e os Patrões, a linha entre eles, os dois lados. Era tudo tão diferente e tão antiquado! A Inglaterra dos anos 20 e como mudou desde a 1ªGuerra Mundial.

Gostei muito! E recomendo.

Classificação: 4/5


Outras opiniões:

Aqui #1 (da canochinha - blog Estante de Livros)
Aqui #2 (da Fernanda Carvalho - blog As leituras da Fernanda)
Aqui #3 (da Carla Milhazes Gomes - blog À Margem)
Aqui #4 (do Draco - blog Daqui prá frente só há Dragões)
Aqui #5 (da Tita - blog O Prazer das Coisas)