quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Balanço literário de 2008



Devo dizer que este ano, em termos de leituras, foi bastante produtivo!

Li 46 livros (22 a mais que em 2007) e gostei muito da maior parte deles.

Dando uma vista de olhos rápida pela lista de livros lidos, cheguei à conclusão de que as minhas viagens literárias foram variadas. Passei pelo Bairro Social de Inglaterra onde pairava a corrupção, prostituição, droga e violência mas conheci uma mulher fabulosa que teve o azar de ter nascido e crescido nesse bairro e também passei pelo Bairro Social Australiano onde conheci umas personagens bizarras mas interessantes; transpirei de terror numa história sanguinária de telemóveis; atravessei a guerra passada no Iraque e, no meio de pó e barulho das metralhadoras, amei um cãozinho tão amoroso; aprendi algumas coisas sobre piercings e tatuagens; conheci os últimos czares da Rússia; visualizei um amigo imaginário de uma criança que me fez rir e chorar; escutei as conversas trocadas entre as duas crianças alemã e judia no campo de concentração da II Guerra Mundial; “vivi” a aventura e a emoção na África; entrei no mundo estranho dos computadores e da bruxaria; entusiasmei-me incrédula com os recordes da Guiness; vi a nascer uma história de amor a partir do mundo virtual; participei num mundo circense dos elefantes e voei com os trapezistas; tornei-me espia ao lado das mulheres da SOE no tempo da II Guerra Mundial; envolvi-me na política e na competição das Ciências; testemunhei um amor entre duas mulheres e também entre dois homens; estive na ilha dos leprosos na Grécia; sofri com as duas mulheres no Afeganistão mas testemunhei uma bela amizade entre elas; recuei ao século XVIII na China e escutei a sabedoria destas mulheres chinesas; descobri o escândalo financeiro; testemunhei as terapias de regressão a vidas passadas...

Os livros que mais me marcaram profundamente foram:

01. Duas Mulheres, de Martina Cole
07. The Kitchen Boy - Os Últimos Dias dos Romanov, de Robert Alexander
08. Se me Pudesses Ver Agora, de Cecilia Ahern
10. O Rapaz do Pijama às Riscas, de John Boyne
11. Irmãs de Sangue, de Stephanie e Barbara Keating
31. A Ilha, de Victoria Hislop
32. Salto Mortal, de Marion Zimmer Bradley
33. Tim, de Colleen McCullough
38. Mil Sóis Resplandecentes, de Khaled Hosseini
40. Só o Amor é Real, de Brian L. Weiss



sábado, 27 de dezembro de 2008

Escândalo




Sinopse:
Lucinda e Nigel. Elizabeth e Simon. Debbie e Richard. As suas vidas eram privilegiadas e o futuro sorria-lhes. Mas um dos maiores escândalos financeiros de sempre na Grã-Bretanha destrói tudo o que haviam construído e põe em causa a própria base das suas vidas. Casamentos e carreiras, famílias e amigos. Quem sobreviverá a estas tragédias pessoais? Quem apoia e quem trai?

Uma história de ascensão e queda, de paixão e abandono, capaz de abalar todas as nossas convicções sobre a vida e sobre nós próprios.

Afinal, tem a certeza que sabe como se comportaria se a sua vida mudasse drasticamente? Se o seu futuro estivesse em perigo?
Pode, com toda a convicção, dizer o que faria se perdesse tudo?


Minha Opinião:

Gostei, não o livro em si, mas sim o tema em questão. Achei-o interessante.

É sobre o escândalo financeiro. Quem não tem conhecimentos de finanças, pode pensar que deve ser uma história bem complicada ou uma maçada, mas não é.

A história centra-se à volta das personagens, nomeadamente, as vítimas.

Apresenta-se quatro famílias: Beaumont, Fielding, Cowper, Morgan ... Eram membros de uma seguradora Llody´s que constitui vários consórcios de seguros, entre quais, marítimo, industrial, etc. Estes membros recebiam, em cada ano, elevados lucros. Durante 10 anos têm sido assim, recebiam imenso dinheiro, viajavam bastante, compravam muitas casas e acções, etc.

O consórcio principal da Llody´s começou a ter graves problemas, devido a asbestose (as industrias de automóveis e imobiliários utilizavam amianto, um produto tóxico que provocou cancro a muita gente) e, então, este consórcio deve que pagar elevadas indemnizações e causando assim elevados prejuízos à Llody´s e, por conseguinte, aos membros que tiveram que pagar montanhas de dívidas. Não é o caso para se ter pena deles, pois tinham recebido muito dinheiro durante vários anos e já seria de esperar destes riscos, de que um dia podia acontecer…
Mas não é este o escândalo que intitula o livro, é outra coisa, o que a seguradora fez depois para remediar estes prejuízos.

Sou uma ignorante de economia ou de finanças, pouco percebo deste assunto, mas a autora conseguiu dar-me uma ideia nítida acerca disto tudo. Portanto, é inteiramente acessível a pessoas que desconhecem este género de assunto.

A história passa-se mais em torno das vítimas, sobretudo, o que lhes vai acontecer. Infelizmente, desiludiu-me... Tive mais a sensação de estar a ver uma novela ou uma série, de estar a acompanhar as personagens exteriormente em vez de interiormente. Ou seja, não senti, por exemplo, a mínima aflição deles ou algo assim. Foi essa, a força emocional, que achei em falta na história…

Mas, apesar desta falta e da pobreza literária, gostei. Prendeu-me. Não consegui alargar o livro! Confesso que esperava outro final, estava com umas expectativas altas, não foi o que pensei que acabasse. Afinal, os ricos safam-se sempre… Achei irónico a forma como a autora construiu estas personagens, sendo os ricos como as melhores pessoas, de coração bondoso e tudo mais. Belos, ricos, snobes, e … extremamente bondosos.

Gostei especialmente da Debbie Fielding e da Catherine Morgan, foram as minhas preferidas.

Recomendo para quem se interessa pelo tema e para quem gosta de literatura muito "light".

Classificação: 3/5



Outras opiniões:
Aqui #1 (foi a opinião da marcia que me motivou para lê-lo)

sábado, 13 de dezembro de 2008

O Segundo Ano no Colégio das Quatro Torres




Sinopse:

Mais entusiasmadas do que nunca, Diana, Celeste e Milu voltam às Quatro Torres para mais um ano escolar.
Alice continua a pregar as partidas mais incríveis.
Eduarda revela-se uma heroínam Milu mostra ser uma verdadeira amiga e Helena uma jovem muito determinada.
Não fiques de fora deste divertido colégio interno.
Junta-te a estas raparigas aventureiras no regresso ao Colégio das Quatro Torres.


Minha opinião:

Mais uma vez, esta leitura deliciou-me bastante, muito mais do que a anterior. Foi bom reencontrar Diana, Celeste e Milu e conhecer novas colegas como Belinda, Helena e Eduarda. São todas diferentes, cada uma com as suas características e defeitos e, no entanto, todas especiais à sua maneira.

Esta história tem mistério, um pouco do género de “Os Cinco” ou “Os sete”, mas nada de bandidos e policia! Apenas que alguém andava a roubar as coisas valiosas das alunas...
Como esta colecção é destinada para os leitores mais jovens, tive facilidade de adivinhar a ladra. Mas, apesar disto, soube-me muito bem ler este mistério, está bem estruturado e é capaz de nos prender de uma forma vidrada (para mim, funcionou!).

Milu surpreendeu-me em cada capítulo. Devo dizer que esta aluna é uma rapariga-exemplo, a quem todas as raparigas devem seguir.
Milu ajudava uma colega que tinha dificuldades em relação a uma disciplina porque gostava dela e queria ser sua amiga. Ao principio, a colega serviu-se dela… Mas, Milu fez uma coisa incrível apesar de a colega a ter usado!

«– Vou levá-lo porque sou amiga da Eduarda – respondeu Milu com voz trémula – Ela pode não ser minha amiga, mas se eu sou amiga dela vou continuar a querer ajudá-la.»

E Milu dava tudo, sem pedir nada em troca. Um grandioso exemplo de uma verdadeira amiga.
Hoje em dia, a maioria espera sempre receber algo em troca e não a dar apenas.


quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O Primeiro Ano no Colégio das Quatro Torres


Sinopse:


Diana Rivers enfrenta um grande desafio - ser uma das melhores alunas do 1ºano no cólegio interno das Quatro Torres. Mas conseguirá ela o seu propósito com tantas partidas e brincadeiras? Diana e as suas novas amigas são postas à prova em situações qie revelam a coragem da pequena Milu, a sensatez da catarina, a vaidade da Ludovina e a bondade da Celeste.

Minha opinião:

Esta colecção "Colégio das Quatro Torres" foi uma das poucas colecções de Enid Blyton (uma das minhas predilectas escritoras) que não cheguei a ler durante a minha adolescência. Eu adorava "os Cinco", "os Sete", "Uma aventura", foram leituras deliciosas!

Soube-me bem pegar este livro, as saudades que já tinha de ler os livros desta escritora! Foi uma leitura muito divertida!

Achei este colégio interno um paraíso. Situava-se num topo de uma falésia com o mar à vista e tinha ainda enormes jardins e uma piscina natural.
Achei muito engraçadas as partidas que as alunas pregaram às professoras, como por exemplo, aquela partida numa aula de francês em que uma aluna fingiu que estava surda (eu encontrava-me num café público quando li esse episódio e tive que fazer todo o esforço para não me rir alto, foi demais!).
Gostei muito de acompanhar a Diana, a Celeste e a Milu.

Este livro transmite uma forte mensagem: as verdadeiras amigas são aquelas que menos "desejamos" à primeira vista ou que nunca pensamos que viessem ser as nossas melhores amigas mais tarde.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O Leque Secreto


Sinopse:

Numa remota localidade chinesa do século XIX, assistimos ao desabrochar de uma das mais belas e inquietantes histórias de amizade. Numa sociedade em que as mulheres desempenham um papel de total submissão, resta-lhes a esperança de um bom casamento para minimizar o facto de serem raparigas – e uns pés delicados e sedutores podem garantir um futuro próspero. O primeiro passo é enfaixá-los com ligaduras para que mais tarde adquiram uma forma e tamanho perfeitos. Este é um momento de grande sofrimento que Lili terá de suportar com apenas sete anos, mas em breve conhece Flor de Neve, a jovem escolhida para ser a sua laotong – uma espécie de irmã de juramento – e estabelece-se entre elas uma ligação emocional que durará a vida inteira. Com o passar dos anos, as duas mantêm uma amizade profundamente sincera e cúmplice, trocando mensagens e poemas em nu shu – uma linguagem secreta feminina – inscritos num leque de seda, onde partilham sentimentos, sonhos, mágoas e esperanças. Mas um dia os laços de amor que sempre as uniram serão postos em causa… Obra vencedora do Southern California Booksellers Association Award para melhor romance de 2005.


O Leque Secreto é o relato fascinante, delicado e por vezes doloroso de duas vidas que se tocam e se completam, imortalizando um amor que superou barreiras sociais, políticas e morais.

“Um retrato intenso e extraordinariamente realista de uma mulher marcada pelo sofrimento, e da amizade que lhe dá forças para sobreviver.”
Arthur Golden, autor de "Memórias de uma Gueixa"

A minha opinião:

Foi uma leitura envolvente que me prendeu do princípio ao fim. Uma escrita bastante fluente e nítida, carregada de sentimentos profundos e tocáveis.
A história passa-se no século 19 numa província de Jiangyong e é sobre mulheres chinesas daquele tempo, o enfaixe dos pés, os casamentos, as tradições, mas é sobretudo sobre nu shu – uma linguagem escrita que foi criada pelas próprias mulheres em que só elas conheciam estes códigos (era interdito aos homens, estes não podiam saber este tipo de linguagem) e sobre a relação laotong (uma ligação entre duas mulheres para toda a vida em que podiam partilhar todos os sentimentos, uma espécie de ligação de “amiga-irmã”).
A escritora, antes de construir esse romance, conheceu pessoalmente a última mulher chinesa que utilizava nu shu, Yang Huanyi, que na altura tinha noventa e seis, e foi através dela que soube a história do enfaixe de pés, as festividades e os casamentos (estão contados pormenorizadamente no livro).
Yang Huanyi
E depois conheceu uma professora que actualmente ensina nu shu que lhe contou as histórias das avós que utilizavam nu shu.
Ainda há um museu de Pequim onde estão expostos documentos em nu shu: leques, bordados, cartas, etc. Mas existem poucos escritos em nu shu, uma vez que os manuscritos eram queimados ou enterrados com suas autoras.

Após uma profunda pesquisa, a escritora construiu um belo romance, criou duas personagens fictícias: Lírio e Flor de Neve, e acrescentou os factos históricos verídicos.
É um romance muito fácil de ler e de imaginar, é próprio para qualquer leitor que não tem nenhum conhecimento histórico acerca da China, e além disto, as palavras parecem ter vida. Senti dor, tristeza, amor, raiva, traição, ódio, remorso, tudo como se estivesse dentro das personagens. Também me identifiquei com alguns sentimentos delas.
É uma comovente história de amizade, mas eu diria que é amor profundo ou um casamento de emoções entre duas mulheres. Elas eram definitivamente uma só.
A escritora escreveu esta história com o coração, com uma sensibilidade extrema e amor.
Gostei muito, amei!