sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Duas Iguais





Sinopse:

«O amor exige expressão», diz a epígrafe de Duas Iguais, e essa frase, repetida no derradeiro parágrafo do livro, é o mote deste terno, pungente, encantador romance.


Duas Iguais, o segundo livro de Cíntia Moscovich, é a expressão do amor entre duas mulheres, um daqueles amores que, na expressão de Oscar Wilde, não ousa dizer o seu nome. Um romance que aborda o amor homossexual sem recorrer a engajamentos ou a um manual de bons modos, Duas Iguais conta a história de duas adolescentes, Clara e Ana, que vivem em Porto Alegre, com foco no Bom Fim, um bairro judaico tradicional da cidade. As duas jovens envolvem-se ao conviverem numa escola judaica, facto que gera uma série de confrontos que vai acompanhá-las pela vida fora. Enquanto Ana se auto-exila em Paris, Clara penetra, pouco a pouco, nos umbrais do mundo adulto. Por força das circunstâncias, Clara e Ana voltam a encontrar-se...

Este livro foi galardoado com o Prémio Açorianos de Literatura.



A minha opinião:

Ao princípio, custou-me a entrar na história, mais propriamente a ler, porque as frases estão concentradas, quase coladas; tem poucos parágrafos ou poucas pausas, raros e escassos diálogos, mas depois, ao fim de uma questão de hábito, de esforço desejado e determinado, mergulhei completamente deliciada neste tipo de escrita e embelezamento das palavras!

O livro é um romance em prosa poesia, mas quase como se fosse um diário, sendo contado na primeira pessoa fictícia.

Trata-se de uma história de amor (existente, lindo, puro, real, profundo) entre duas mulheres, Clara e Ana. Elas amavam-se, eram uma da outra.

A riqueza das palavras diz tudo. Os sentimentos descritos no livro parecem saltar para fora, do papel para a realidade, em que os podemos tocar, agarrar e sentir. Ou seja, o Amor e a Dor ganhavam forma, peso, cor, cheiro, sob a forma de metáforas e poesia carregadas.

E o final do livro doeu-me a valer, uma bofetada estonteante de tristeza. Sem mais palavras, estou em silêncio, por elas.

«Eu aprendi: o amor exige expressão. Ele não pode permanecer quieto, não pode permanecer calado, ser bom e modesto; não pode, jamais, ser visto sem ser ouvido. O amor deve ecoar em bocas de prece, deve ser a nota mais alta, aquela que estilhaça o cristal e que derrama todos os líquidos.» - pág 218

Gostei muito, porém, confesso, teria gostado mais se esta obra fosse relatada em prosa, de forma simples e leve como uma pluma. Foi uma tarefa árdua em ler este livro que, para além do facto de o texto ser concentrado ou "apertado", continha vocábulos que eu desconhecia, por isso tive que recorrer várias vezes ao dicionário - o que foi um impedimento de o ler em plena rua. Uma pessoa adulta a ler e depois a ver o dicionário, não é digno de se ver (tenho vergonha, pronto!)...

Dou três na classificação por ter sido uma leitura complicada, em que me exigiu maior concentração e esforço, obrigando-me a reler algumas frases - duas a três vezes - para uma melhor compreensão ou assimilação do seu significado.

R., obrigada pela oferta deste livro!

Classificação: 3/5

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Livro do Mês (Sugestão)

A partir de agora, uma vez por mês, vou sugerir um livro. E este mês a minha sugestão aponta para o livro “Enquanto Salazar dormia…” de Domingos Amaral.




Sinopse:

Lisboa, 1941:
Memórias de um espião numa cidade cheia de luz e sombras.

Lisboa, 1941. Um oásis de tranquilidade numa Europa fustigada pelos horrores da II Guerra Mundial. Os refugiados chegam aos milhares e Lisboa enche-se de milionários e actrizes, judeus e espiões. Portugal torna-se palco de uma guerra secreta que Salazar permite, mas vigia à distância.
Jack Gil Mascarenhas, um espião luso-britânico, tem por missão desmantelar as redes de espionagem nazis que actuavam por todo o país, do Estoril ao cabo de São Vicente, de Alfama à Ericeira. Estas são as suas memórias, contadas 50 anos mais tarde. Recorda os tempos que viveu numa Lisboa cheia de sol, de luz, de sombras e de amores. Jack Gil relembra as mulheres que amou; o sumptuoso ambiente que se vivia no Hotel Aviz, onde espiões se cruzavam com embaixadores e reis; os sinistros membros da polícia política de Salazar ou mesmo os taxistas da cidade. Um mundo secreto e oculto, onde as coisas aconteciam "enquanto Salazar dormia", como dizia ironicamente Michael, o grande amigo de Jack, também ele um espião do MI6. Num país dividido, os homens tornam-se mais duros e as mulheres mais disponíveis. Fervem intrigas e boatos, numa guerra suja e sofisticada, que transforma Portugal e os que aqui viveram nos anos 40.


Excerto da obra:
"Nada, de repente, existia. A não ser Lisboa, cinquenta anos atrás. A minha Lisboa, onde amei tanto e tantas vezes. A minha Lisboa, das pensões e dos espiões, dos barcos ingleses e dos submarinos alemães; a Lisboa das ligas da Mary em cima de um lençol branco; a Lisboa dos cocktails no Aviz enquanto eu perseguia Alice; a Lisboa do penteado "à refugiada" da minha noiva, a Carminho; a Lisboa dessa menina linda, frágil e alemã, Anika, por quem arrisquei o pescoço; a Lisboa de Michael..."




Comentário:

Li este livro num verão de 2006 e foi uma leitura deveras envolvente e emocionante!!!

É sobre um avô que conta o seu passado ao neto. O seu relato faz-nos recuar e aterrar para uma Lisboa dos anos 40, para aquele tempo de ditadura do Salazar e na altura da II Guerra Mundial.

Quem ousa imaginar ou acreditar que Lisboa esteve recheada de alemães, ingleses, judeus, tudo misturado, até espiões? Pois, sim, graças à “neutralidade” de Salazar. E também, será que alguém sabe que, perto da costa algarvia, houve uma batalha aérea entre ingleses e alemães e que os portugueses a viram? E os navios e submarinos de guerra que contornaram a costa litoral portuguesa?

Mas, atenção, o livro não fala muito de guerra, não é nada exaustivamente descritivo, muito pelo contrário, é muito mais do que isto, há aventura, romance, sexo, paixões, amores, amizades, e acima de tudo, espionagem. O avô do neto era espião e relembra toda a história que é de sorrir, de chorar, de silenciar, de emocionar!

Nunca pensei que tivesse acontecido assim em Lisboa, a existência da espionagem e tudo o resto; fiquei com uma perspectiva diferente da vertente histórica daquele tempo e até do filme “Casablanca” que teve o grande efeito nos portugueses que cantaram em coro e bateram palmas!

É um livro épico muito bom, excelente! Eu adorei. Recomendo altamente.


Outras opiniões:
Opinião de Homem da Leme
Aqui #1

Aqui #2
Aqui #3



domingo, 14 de setembro de 2008

Maléfico




Parei na página cento e cinquenta e desisti. Não me prendia de maneira nenhuma, até ficava cansada e frustada de o ler. Não o achei assim tão envolvente e, além disto, os personagens eram bastante óbvios... Desconfiei logo quem seria o mau e quem iria salvar a Clare. Dei o salto e li o final, todas as minhas deduções estavam correctas e ainda bem que não perdi mais tempo com este livro. Os personagens principais não me cativaram minimamente e também não achei o local assim tão especial.

Vou libertar este livro numa zona de bookcrossing para alguém o apanhar e ficar com o livro. Quem será a(o) sortuda(o)?


Os únicos livros de NR de que gostei muito foram: "O Pântano da Meia-Noite" (este foi o único que me prendeu realmente, que me causou calafrios de terror e emoção, inclui uma história de amor diferente e interessante e, não só como também, adorei as descrições do meio envolvente), "A Lua em Sangue" (adorei a personagem principal que era vidente...) e a trilogia da Irlanda (amei estes livros, as personagens, a música, o cheiro, e tudo sobre a Irlanda.).

Ainda li a trilogia das flores (é uma história engraçada, é boa para desanuviar), "As vozes do Passado" (também não me agarrou, desiludiu-me), "três destinos" (gostei assim assim, é uma história de aventura em que envolve acção e cenas eróticas algumas bem picantes), o primeiro de uma trilogia da Ilha das Três Irmãs (gostei mas não me fez querer ler mais dois livros para completar a trilogia). E mais nada.

Sairam mais livros da NR e não estou minimamente interessada neles. :)

sábado, 13 de setembro de 2008

Mais um livro na minha estante!

Ontem chegou o tão esperado livro, que tinha encomendado no Circulo de Leitores em finais de Julho, "Contagem Decrescente" de Ken Follett.



(para ver a sinopse, clique sobre a imagem do livro)


Guerra fria, espionagem, suspense, são ingredientes de uma história como eu gosto e, ainda por cima, escrita pelo autor bastante aclamado!



P/ mais informações:

Este livro está à venda nas livrarias sob essa capa:


Encontrei dois comentários sobre esse livro:
Aqui #1
Aqui #2


quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Tim




Sinopse:

Da autora do best-seller mundial Pássaros Feridos, a mestria inconfundível de uma história bem contada.

Mary Horton, solteira na casa dos quarenta, rica, solitária, simples, acredita que não precisa de amor nem de amizade, satisfazendo-se com a sua confortável casa, o seu jardim, o seu Bentley e a casa de praia que comprou com o fruto do seu trabalho e dos investimentos realizados, com os livros que lê e a música que ouve sozinha.

Tim Melville, vinte e cinco anos, operário, é filho de Ron e Esme Melville que o receberam como uma dádiva para o seu tardio casamento. Tim tem a beleza e a graça de um deus grego, mas é um simples de espírito, uma criança grande.

No entanto, Ron e Esme, modestos operários australianos, pessoas sensatas e sem ambições, gostam dele pelo que é e preparam-no para trabalhar segundo as suas possibilidades. Tim é um trabalhador insignificante de uma empresa de construção civil, infatigável e esforçado. Dias de trabalho pesado e fins-de-semana passados com o pai num pub e noites tranquilas junto da família, a ver televisão, representavam para Tim toda a sua perspectiva de vida.

Quando Mary encontra Tim e o contrata como jardineiro durante os fins-de-semana, uma ligação muito forte vai nascer entre eles. Mary sente por Tim o mesmo tipo de amor que sentiria pelo filho que nunca teve; Tim, em contrapartida ensina-lhe a ver o mundo de uma maneira mais simples e optimista, trazendo à sua vida solitária o calor e o afecto que lhe faltavam.



«É refrescante a forma como Tim explora os recônditos do coração e da sensibilidade humana.»
New York Times


«Um romance exemplar. Como só Colleen McCullough sabe fazer. Uma história como só ela sabe contar! Pujante e assustador. Magnífico
Revista Mulheres


«Um profundamente sensível romance que nos toca o coração sem nunca se deixar cair na tentação da lágrima fácil.»
Australian Womens Weekl





A minha opinião:

Gostei muito! Uma história diferente mas cheio de significado que me tocou imenso. Cada vez que folheava uma página, aparecia-me um sorriso e uma ternura, mas também raiva e indignação por personagens malvadas e preconceituosas, e até lágrimas sentindo a dor deles... Não conseguia parar de ler, só pensava o que ia acontecer aos dois, como ia acabar, até andava receosa com o final do livro.
A ligação entre Mary e Tim é extremamente comovente e puramente bela, o que ela fez ao Tim e o que este fez à Mary, e no que os dois se tornaram juntos. Uma ligação fortissima entre o ser intelectual com o ser simples. Na verdade, aprende-se muito com estes seres simples porque são eles que vêem as coisas de mais belo que os intelectuais não vêem.

A autora é, de facto, uma boa contadora de histórias, lê-se pegada às palavras, ao desenrolar da história que é como se a escutasse em voz alta de olhos fechados a bom ouvir. Conseguiu exprimir tão bem a ligação entre Mary e Tim e os sentimentos dos dois.

Está garantido que vou ler mais livros desta escritora.


Outras opiniões:

Opinião da marcia - aqui (foi através deste post que descobri "Tim" e fiquei logo interessada por se tratar de uma história diferente, obrigada, marcia!)

domingo, 7 de setembro de 2008

Salto Mortal



Sinopse:


Um amor único num mundo especial…

Salto Mortal é a história de dois trapezistas, Mário Santelli, descendente de uma famosa família de trapezistas voadores e de Tommy Zane, o seu discípulo.

Situada nos anos quarenta e início dos anos cinquenta no mundo colorido do circo e das suas tradições, a autora narra-nos a luta dos dois trapezistas pelo aperfeiçoamento da sua arte e a descoberta do amor entre dois homens e a preservação da sua relação num ambiente hostil e adverso. Tommy Zane cresce como homem e trapezista no seio de uma família que o adopta para a qual o trapézio ocupa o lugar central e em que tudo o resto lhe está subordinado: a família Santelli com os seus Santellis Voadores. Mário, o guardião das tradições familiares, debate-se com o seu perfeccionismo e a vontade de demonstrar que para si não existem impossíveis e que, apesar da sua homossexualidade, o seu lugar de estrela não pode merecer contestação.

Mas esta história é sobretudo a de uma relação entre um rapaz e um homem, do crescimento de ambos e da forma como, sujeitos a todas as pressões, acabarão por conseguir lidar consigo próprios e com os outros numa luta titânica para ultrapassar os medos, as pressões e, sobretudo, os sentimentos de culpa e auto-rejeição.




«Marion Zimmer Bradley faz o retrato humano tanto do circo e dos seus profissionais, como da mentalidade dominante no período em que decorre a acção, o pós-guerra, bem como da dificuldade em aceitar diferenças como a homossexualidade como opção de vida.»

Diário de Notícias



«Um livro vibrante; um olhar envolventemente feminino, atento aos sentimentos e às emoções masculinas. Com uma perícia e uma delicadeza únicas, a autora penetra, devagar, no espaço hermético de dois homens que se amam, envergonhadamente, que se desejam, culpando-se por isso.»

Jornal de Notícias



«Ao longo destas páginas tão fascinantes como inesquecíveis, acompanhamos a luta de dois homens para se superarem, vencerem os seus medos e as suas limitações, não só físicas mas acima de tudo morais. São homens que voam no trapézio e na vida, personagens duma humanidade comovente a quem Marion Zimmer Bradley colocou asas na alma.»

Os Meus Livros





A minha opinião:

A autora MZB tinha uma grande paixão pelo trapézio e o livro é um reflexo disto. Segundo a escritora, os seus amigos, sabendo da sua paixão, arranjavam-lhe recortes de jornais e revistas, fotografias, postais, documentários televisivos sobre esta arte do voo.
Foi por amor ao trapézio que MZB construiu esse livro absolutamente fantástico.

As descrições sobre os movimentos dos trapezistas que aqui transparecem no livro são impressionantes, nítidas, até mesmo vertiginosas pois, ao ler essas palavras, vacilei-me, sentindo-me um pouco tonta. É que estas descrições me levaram “a voar”, como se estivesse dentro de cada trapezista… Os esforços, as tensões, os medos, as dores, tudo o que eles sentiam. Até podiam morrer se falhassem (mesmo com a rede posta)! Deste modo, passei a ter uma grande consideração e admiração pelos trapezistas.

Deliciei-me a entrar nessa história. A sensação que tive, foi de estar a ver uma espécie de novela épica circense, pois o clã Santelli era uma família italiana numerosa de trapezistas. Esta família trabalhava em conjunto, formava os Santelli Voadores, as suas tradições eram rigorosas, dos pais passavam para os filhos e destes para os seus filhos.
Tudo começa quando Tommy Zane, que era filho dos domadores de leões e ali estava no circo a acompanhar os pais, conhece o trapezista Mário Santelli durante os treinos deste com avô e tio. Depois, passa a integrar-se (sendo adoptado) no clã Santelli tornando-se ele próprio trapezista…

Lê-se muito agradavelmente, acompanhando cada passo, descoberta e crescimento do Tommy e testemunha-se uma história de amor tão intensa e profunda entre Tommy e Mário que a autora MZB tão bem relatou.

É um livro excelente para meditar, para amar e, acima de tudo, para respeitar.

Passou a ser um dos meus livros preferidos e vou certamente relê-lo mais tarde.

Classificação: 5/5 (excelente!)

Nota:
Gosto mais da capa original, em que mostra dois homens trapezistas, musculados e belos, de mãos dadas. O moreno (é o Mário Santelli) e o ruivo (Tommy Zane) com os seus fatos tradicionais dos Santelli Voadores. É este o retrato verdadeiramente fiel da história.




Outras opiniões recomendáveis:

http://therawawakening.blogspot.com/2008/04/salto-mortal-amores-proibidos.html


http://compendiomarianaalmeida.blogspot.com/2007/03/in-folio-salto-mortal.html



Vídeos:

Aqui estão dois pequenos vídeos sobre o trapézio voador.















terça-feira, 2 de setembro de 2008

Compras

Hoje fui atacada pela febre dos livros, pela ânsia desesperada e doentia de comprar livros.

Fui à livraria e comprei dois e ainda encomendei mais um que chega amanhã.


(para ver a sinopse de cada livro, clique sobre a imagem de cada um)


Espero ter feito boas compras, que estes livros não me irão decepcionar.